Crónicas de Maledicência - Nem o Ministro Morre, Nem a Gente Almoça!
Eu não sou de desejar a morte de ninguém. Bem pelo contrário. Sou do tipo pacífico, vive e deixa viver. Só não gosto que me pisem os calos, mas quanto ao resto tudo bem. Contudo, às vezes apetece abrir exceções. Por exemplo, o Senhor Ministro das Finanças do Japão está tão desertinho por bater as botas que eu acho que às tantas mais valia alguém fazer-lhe o favor... o tipo, para além de energúmeno, é mais ou menos suicida.
Esta tarde, a Rádio Renascença Online e o Público Online noticiavam respetivamente "Ministro japonês diz que morte de doentes idosos alivia contas do Estado" e "Ministro japonês diz que idosos doentes devem 'morrer rapidamente' para o bem da economia".
Ora, isto deixou-me a pensar duas coisas interessantes. Uma é que o senhor é um génio da finança. Como é que ainda ninguém se tinha lembrado de liquidar população para diminuir a despesa do estado? Depois de descoberta pelo Ministro Japonês, a ideia parece óbvia, mas é efetivamente de um rasgo intelectual só ao alcance dos mais iluminados pela escuridão do outro mundo. A outra é este fresco e interessante conceito de "morrer rapidamente". Do tipo, um idoso vai ao médico, queixa-se de umas dores, descobre-se um cancro ou uma Alzheimer, assustado, o paciente ainda pergunta, E o senhor doutor vai receitar-me o quê? Ao que o médico responde com ar tranquilo e serenador, Não se preocupe, o senhor não tem nada que não se cure com um pelotão de fuzilamento e uma cremaçãozinha!
Se eu estranho isto? Naaa... Dado os tempos que correm, temos de compreender que é preciso combater a crise a qualquer custo e todos temos de contribuir com alguma coisa e, assim sendo, porque não deixam os idosos doentes de estorvar e gastar dinheiro ao erário público após décadas de impostos pagos? E os direitos humanos? Os direitos humanos não são para aqui chamados que estamos a combater a crise em nome doutra coisa qualquer.
Caro leitor, a sério, a sério, para mim, tudo isto é muito normal. Só não compreendo é como pode suceder que num país e numa região do globo, o Oriente, conhecidos pelo respeito e veneração dos mais velhos, o ministro continue a ser ministro no mesmo dia em que disse o que disse. Essa parte é que me está a fazer cócegas na mente. Será que os outros concordam? E quem tem poderes para o demitir também?
Enfim, tendo em conta que o senhor tem 72 anos e, como tal, já possui um requisito para ir desta para melhor, se eu fosse japonês e próximo do Senhor Ministro das Finanças, passava a andar armado e assim que ele desse um espirrozito, ou aparentasse umas ollheirazitas, fazia-lhe o favor de executar o que pediu para si e cito "Se eu adoecer, não me prolonguem a vida." Agora que penso na frase, por acaso até a acho contraditória, na verdade ele disse para não lhe prolongarem a vida, mas não disse para lha encurtarem... pois, está visto que a receita era só para os outros idosos. É caso para dizer que nem o ministro morre, nem a gente almoça!