Poema da Mala Vazia na Beira da Estrada
Revoltaram-se,
os teus olhos,
contra mim!
Olharam
A vida vazia
E pensaram que era o fim.
São curiosos,
Os olhos,
Veem e pensam.
Encontram na beira da estrada,
Sem sonho,
Nem noite,
Nem alvorada,
A mala onde
Outrora
Esteve a fantasia.
A mala,
Como a vida,
Vazia!
E essa luz
Triste
E húmida,
Esse despertar
Da mente
A que chamas olhar,
Pediu-me.
Só o aconchego,
Só o afago,
O meu peito
Ao teu encostado.
E abri a mala
Donde saiu a cama
Que estava no quarto
Que fica na casa
Que está na fantasia
Da mala
Na beira da estrada
Que teus olhos contemplam
Antes de se zangarem comigo.
Não há jogo
Nem perigo
Como este de ter uma vida
Para viver uma vida,
Quando há tantas
Na mala da fantasia.
Na palavra incendiada,
Pujante epopeia,
Triste elegia
De uma mala
perdida na estrada vazia.
jpv