De Negro Vestida - XVI


Rupturas – I

Habitam em nós pessoas que desconhecemos, moram em nós sentimentos que julgávamos alienos, vivem em nós latentes gestos de que não nos sabíamos capazes, escondem-se em nós palavras que desconhecíamos poder pronunciar. Mas querendo as circunstâncias provocá-los, querendo a vida revelá-los, há-de exigi-los, pôr-nos à prova, testar-nos com a confrontação de situações novas e inesperadas e logo as palavras desconhecidas e improváveis nos bailam nos lábios, e logo os gestos insondáveis se manifestam em nós, e são sentidos os sentimentos e emerge de todas estas pequenas revelações uma nova pessoa, um novo ser, habitando o mesmo corpo.
------E o covarde há-de ser corajoso, e o medroso há-de ser temerário, e o fraco há-de ser forte, e o prudente há-de ser aventureiro, e o dependente há-de ser autónomo, e o calado há-de expressar-se por palavras cristalinas.
------A família tomou o pequeno-almoço de segunda-feira e foi à vida. 

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O Romance "De Negro Vestida" foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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