De Negro Vestida - XX


Solidão – I
Há neste centro comercial um barulho de luzes que atrai e cansa. Há um bailado de cores que seduz, enreda e chama. Passam pessoas em trajes apressados de trabalho e passeiam pessoas em trajes exibicionistas de passerelle. Umas levam a chave do carro na mão ou a carteira com o passe dos transportes públicos. Outras levam sacos marcados com o timbre dos vendedores. E desliza no ar luminoso do espaço amplo um cheiro adocicado a crepes com gelado de baunilha, a pipocas de cinema, a batatas fritas em pacotinhos de papel a acompanhar hambúrgueres que são os mesmos aqui, em Madrid, em Paris, ou em Moscovo. E há uma música de fundo que ninguém ouve mas de que todos sentem falta quando se cala. E há escadas rolantes que levam e trazem os viajantes de sonhar que param juntos às montras olhando o que não podem comprar ou entram nas lojas comprando o que não podem comprar deixando para mais tarde as preocupações de tais excessos. E correm crianças em aventuras de visitar lojas de brinquedos e vêm, depois, agarrar-se às pernas dos pais olhando como quem pede ou simplesmente pedindo. E divertem-se em carrosséis de interior a troco de uma moeda em máquinas pintadas com cavalos ou carros ou motos que dão três voltas, acendem luzes e no fim dizem obrigado em espanhol.

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O Romance "De Negro Vestida" foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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