"Lisboa"

[Porque não resisto a partilhar um texto particularmente bem conseguido. Quando o li, foi como se estivesse a ver, a passear pela cidade da luz inimitável...]
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Estou mais longe no Tejo...

em Lisboa!

Lisboa, de alguma minha segurança, creio...

Lisboa dos cheiros e apelos, dos cartazes culturais, dos guetos embocados nos segredos

Lisboa, que treme ao metropolitano, toupeira onde meio mundo se enfia surdo na pressa do dia.

Lisboa, povoada de cabelos grisalhos, de bengalas mancas, de esperanças e desesperos...onde a infância se pinta cada vez mais de negro e de mulato, em pronúncias quentes de outros sonhos.

Lisboa de uma mendicidade medieval contemporânea no quotidiano, dos pedintes que se mostram em contorcionismo de corpo e aleijo, que nos sovam o estômago, o nosso descanso...

Lisboa da postura livre, olhar vazio do arrumador de carros, cobrador de uma medrosa passividade.

Lisboa dos cogumelos de papelão proliferando no vão dos prédios, numa crescente morada dos sem-abrigo...

Lisboa com a voz da Amália a sair do umbigo da Rua do Carmo...afunilando diversidades...

Lisboa e os semáforos, a multidão...as ruas para andar...

Lisboa e as livrarias ... idênticas à magnitude da igreja vazia.

Lisboa e o artesanato de outros...

Lisboa...

do cheiro do café

das gaivotas junto ao Tejo...

Lisboa...

hoje

percorrida com a saudade de Ti!

Anónimo

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