Um dia, ainda inicio aqui um espaço chamado "No país do faz-de-conta". Não sei porquê, ou talvez saiba, anda-me a apetecer. O ridículo a que se chega é tamanho e tão bacoco que até apetece zurzir.
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Não é que tenha particular prazer em zurzir, é que há gente que se põe mesmo a jeito.
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Vem isto a propósito de uma notícia que li hoje no JN online. Diz-se lá que os "Socialistas querem acabar com quatro feriados e eliminar 'pontes'".
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Acaba-se a maioria dos feriados civis e religiosos e transferem-se feriados que sucedam à quinta-feira e à terça-feira para a segunda com o intuito de pôr fim às ditas "pontes".
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Se, por um lado, me irrita e fere a amputação cultural que a medida pode significar, por outro, não vejo que o país vá produzir em dois ou três dias por ano aquilo que não produz no ano inteiro. Portugal está, a meu ver, modesto e humilde, a optar por políticas suicidas e salazarentas de empurrar as coroas para baixo do colchão e esquece que a única forma de superar as dificuldades que enfrentamos consiste na revitalização dos mercados, na produção, na valorização do trabalho. Admito, sempre o disse, que seja necessário poupar em determinadas áreas, mas parece-me mais importante produzir.
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Fica-me um último pensamento, o mais importante na minha muito pessoal hierarquia de ver as coisas. É que não só não acredito na eficácia da medida, não só repudio as consequências culturais, como, sobretudo, me enoja esta política de faz de conta, estas medidas de fazer ver aos senhores estrangeiros lá de fora que perpetuam os mesmos incompetentes nos mesmos cargos. Caros amigos, alguém tem de dizer isto: são os mesmos tipos que diversas e variadas vezes adormecem na AR, os mesmos tipos que desertificam o local de trabalho, os mesmos que praticam gestões danosas, os mesmos que compram submarinos para combater inimigos fantasma, os mesmos que compram aviões a jacto e carros de luxo em época de crise, os mesmos que são dos mais bem pagos do mundo para fazer pouco e mal, que nos dizem a nós, que trabalhamos diariamente com dedicação e zelo, que pagamos religiosamente os nossos impostos que eles, entretanto, aumentaram, que temos de sacrificar alguns oásis de descanso ao longo do ano.
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Mas há mais, a notícia termina assim: "Pode, por isso acontecer que o 25 de Abril possa ser comemorado, por exemplo, a 26. 'O importante é que se comemore a Liberdade e não o dia exacto', justificou Ricardo Rodrigues." Apetece-me replicar, então, se não interessa o dia, juntem todos os feriados num dia aleatório, por exemplo, num domingo de Páscoa, e comemoramos tudo ao mesmo tempo! O que importa é o espírito com que se comemora! Ora, ide-vos educar e instruir, senhores que ditais as leis! O tempo da acção humana é marcado por fases e patamares e estágios e estes têm momentos específicos e acontece que alguns desses momentos são de sintonia cultural, humana, fraterna, solidária e religiosa, e acontece que a data importa porque representa o momento em que as nossas vidas ficaram marcadas porque mudaram em razão do acontecido. Não perceber isto é entrar na política do vale tudo, na política do venda-se Portugal e a sua Cultura e a sua Língua que o rei é outro e outra é a nação. Europeia, para uns, global, para outros. Pois, meus senhores, percebam ou não, aquilo de que vos falo não é mutável. E é por isso que o vosso ridículo pode estender-se até onde quiserdes mas o 25 de Abril será sempre a 25. Jamais a 26!
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Não é que tenha particular prazer em zurzir, é que há gente que se põe mesmo a jeito.
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Vem isto a propósito de uma notícia que li hoje no JN online. Diz-se lá que os "Socialistas querem acabar com quatro feriados e eliminar 'pontes'".
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Acaba-se a maioria dos feriados civis e religiosos e transferem-se feriados que sucedam à quinta-feira e à terça-feira para a segunda com o intuito de pôr fim às ditas "pontes".
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Se, por um lado, me irrita e fere a amputação cultural que a medida pode significar, por outro, não vejo que o país vá produzir em dois ou três dias por ano aquilo que não produz no ano inteiro. Portugal está, a meu ver, modesto e humilde, a optar por políticas suicidas e salazarentas de empurrar as coroas para baixo do colchão e esquece que a única forma de superar as dificuldades que enfrentamos consiste na revitalização dos mercados, na produção, na valorização do trabalho. Admito, sempre o disse, que seja necessário poupar em determinadas áreas, mas parece-me mais importante produzir.
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Fica-me um último pensamento, o mais importante na minha muito pessoal hierarquia de ver as coisas. É que não só não acredito na eficácia da medida, não só repudio as consequências culturais, como, sobretudo, me enoja esta política de faz de conta, estas medidas de fazer ver aos senhores estrangeiros lá de fora que perpetuam os mesmos incompetentes nos mesmos cargos. Caros amigos, alguém tem de dizer isto: são os mesmos tipos que diversas e variadas vezes adormecem na AR, os mesmos tipos que desertificam o local de trabalho, os mesmos que praticam gestões danosas, os mesmos que compram submarinos para combater inimigos fantasma, os mesmos que compram aviões a jacto e carros de luxo em época de crise, os mesmos que são dos mais bem pagos do mundo para fazer pouco e mal, que nos dizem a nós, que trabalhamos diariamente com dedicação e zelo, que pagamos religiosamente os nossos impostos que eles, entretanto, aumentaram, que temos de sacrificar alguns oásis de descanso ao longo do ano.
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Mas há mais, a notícia termina assim: "Pode, por isso acontecer que o 25 de Abril possa ser comemorado, por exemplo, a 26. 'O importante é que se comemore a Liberdade e não o dia exacto', justificou Ricardo Rodrigues." Apetece-me replicar, então, se não interessa o dia, juntem todos os feriados num dia aleatório, por exemplo, num domingo de Páscoa, e comemoramos tudo ao mesmo tempo! O que importa é o espírito com que se comemora! Ora, ide-vos educar e instruir, senhores que ditais as leis! O tempo da acção humana é marcado por fases e patamares e estágios e estes têm momentos específicos e acontece que alguns desses momentos são de sintonia cultural, humana, fraterna, solidária e religiosa, e acontece que a data importa porque representa o momento em que as nossas vidas ficaram marcadas porque mudaram em razão do acontecido. Não perceber isto é entrar na política do vale tudo, na política do venda-se Portugal e a sua Cultura e a sua Língua que o rei é outro e outra é a nação. Europeia, para uns, global, para outros. Pois, meus senhores, percebam ou não, aquilo de que vos falo não é mutável. E é por isso que o vosso ridículo pode estender-se até onde quiserdes mas o 25 de Abril será sempre a 25. Jamais a 26!
João Paulo Videira