Plano Horizontal

Vem até mim
E desnuda-me,
Despe-me destas coisas
Do quotidiano.
Arranca-me as imagens
E as barreiras
E deita-me ao mundo
Puro e só.

Sê a minha divindade
De fazer bem.
Vem até mim
E não deixes que ninguém
Conspurque a tua obra,
O teu toque.
Lava-me a alma dos preconceitos,
Arranca-me os ódios,
O sofrimento e a dor,
E vem pousar em mim
Tua doce semente de amor.

Em que é que pode ser pecado,
Muito menos original,
Que nossos corpos se encontrem
Em plano horizontal?
Qual é o crime e a sanção
De juntar à tua, a minha mão?
De sentires o peso e o fulgor
De meu corpo entumescido
Desfazer-se no teu em amor?

Há tanto que nos conhecemos,
Há tantas águas,
Tantos sóis,
Tantas palavras
Incendiadas de desejo,
Que não vejo como pode vir a ser pecado
Que tudo isso
Se materialize num beijo!

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