Feu

Ardia forte e em rubor
E trazia nesse arder
Mais coisas do que calor.
Era um chamamento
De gentes rurais e antigas,
Um aquecimento de velhos,
De rapazes e raparigas.
E pouco se ouvia falar
Que ficavam enfeitiçadas as gentes
Pela conversa do crepitar.
Em silêncio.
Um respeito mudo por aquele poder
De aquecer em plena praça
Qualquer alma errante que passa.
E as gentes vieram chegando
Em ritmo lento e venerado
Como se estivessem orando
À coragem de Prometeu Agrilhoado.
E pairou ali uma nuvem ancestral,
Uma história de contorno imperfeito,
Uma dança e um ritual
Com homens, fogo e respeito.

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