Já sei como é o fim da vida.
É uma rua desolada,
Uma criança indigente e perdida.
E há nisto que sinto
Algo sincero,
Um fim que pressinto,
Um cenário de desespero.
E foi morrendo a vida
Em mim.
E fui morrendo eu.
Em agonia e fim
Um amor pereceu.
E eis-me morto,
Junto à urna em sentido,
Contemplando no meu peito
A lápide de um amor falecido.
E choro.
Choro o fim.
Choro o desprendimento.
Mas não posso ressuscitar-te
Em ausência de sentimento.
E choro.
E vou adiando o funéreo rito.
Mas nasce-me a manhã da vida
Com a urgência de um grito!
Li algures que "Tudo é autobiográfico". Os factos aqui descritos são verdade. Quase verdade. Contêm alguma verdade. Bem, afinal para que é que interessa a verdade? Verdade, só existe a de cada um! As pessoas de que aqui se fala existem, de facto. Quer dizer, mais ou menos. Pensando bem, existem para mim. Cada um que decida por si. ---- João Paulo Videira ----