Olá Pai.
Não há palavras para expressar a falta que nos fazes.
Não cabe no léxico dos homens, o homem que foste, sobretudo, o pai que foste para nós.
E continuas a ser. O teu tempo e a tua vida não terminaram no dia em que partiste. Estás connosco, sempre. Os teus gestos, os teus princípios, as tuas virtudes e as tuas falhas fizeram de ti um modelo humano que procuramos no quotidiano. Não encontramos a tua presença para abraçar-te, mas sentimos-te connosco sempre.
Se ainda estivesses entre nós, farias hoje anos. Sabes, pai, continuas a fazê-los porque a mãe, a mana e eu continuamos a celebrar-te e a reviver-te e a erguer de ti a memória nas nossas acções. À medida que o tempo passa, vão-me dizendo que estou cada vez mais parecido contigo. Quem dera! Mas não sou capaz de tanto. A mãe continua casada contigo. Acho que ainda não enviuvou. A mana está bem. Tem outra vez a força que lhe conheceste. E eu continuo a reinventar a vida e as palavras em busca de ti e embato com estrondo neste vazio de não encontrar-te no tacto e no cheiro e na voz. E fica-me a imagem do meu guia, da minha segurança e temo. O mundo é um lugar mais inseguro e mais difícil e hostil sem ti. Sinto esta inexorável falta. Por vezes, converso contigo. Espero que tenhas estado atento porque todos os fins-de-semana finjo que te telefono para comentarmos o resultado da Académica. Ficou-me este hábito.
E hoje, um pouco mais do que nos outros dias, lembrei-me de ti e vim oficiar a memória e a força de estarmos unidos mesmo que em universos diferentes.
Parabéns, pai.
Teu rapaz.
------------------------------------------------
(Father and Son by Mark Knopfler)