A Carta da Sara

Só o amor tem o poder resiliente de superar todas as dores. Nós, por vezes, é que não temos a lucidez do amor. Um dia destes conheci pelo rosto das palavras uma extraordinária mulher que pensou que eu podia ajudá-la. E, de lá para cá, mesmo sem se aperceber tem-me ensinado a mais fundamental das lições. A lição da perseverança, da força interior, da dedicação, do amor e da vida.

Aconteceu-lhe a mais terrível das tragédias. Perdeu um filho. E virou-se de frente para a vida e amou. E fez, com essa arma, forças das fraquezas. E semeou essa lição. E foi a neta, Sara, quem floresceu da semente. A semente da integridade, da entrega, do carinho. A semente de amar. E manifestou-se na carta que vos trago. A Sara, nos seus dezassete anos, tornou tangível aquilo que a Humanidade tem procurado ao longo dos tempos: A Eternidade da Alma.

Leia-se e aprenda-se.
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“A minha avó pediu-me que lesse um bocadinho do texto que escrevi para o Tiago, porque considera que ele contém frases que alguns de nós também gostaríamos de lhe dizer!”

Coração que choras
(…)
Foi sem anunciar. Foi com a corrente sem que ninguém soubesse ou conseguisse imaginar, sequer. E, eu hoje tenho saudade. Tenho saudades daqueles olhos esverdeados repletos de ternura que me fitavam com uma tristeza por algo ainda incompleto. Incomodava-me o seu olhar. Incomodava-me olhar para Ele e saber que não era feliz. Tenho saudade. Saudade da melodia que Ele tocava na sua guitarra. Saudade do Seu amor, da Sua genuinidade, do eu sorriso e do seu coração.

Tenho-me questionado várias vezes, se algum dia lhe disse o quanto gostava dele, o quanto Ele era importante para mim, e quanto o admirava. Não entendo como deixei tantas oportunidades de lado. Aprendi uma grande coisa: hoje eu sei que para palavras não existe amanhã. Agora, de nada adianta! O meu coração chora. Choro por esta saudade, e isso nem as lágrimas logram apagar. Eu gostava de viajar no tempo. Voltar atrás para fazê-lo um bocadinho mais feliz e dizer-lhe tudo que hoje me arrependo de não ter dito. As suas lembranças ocupam os meus pensamentos. A sua melodia ainda encanta os meus ouvidos.
(…)

Talvez, tarde, mas não menos sentido, pelo que nunca te tive oportunidade de dizer: Eu amo-te, Tiago. És das pessoas mais importantes da minha vida. No entanto, mesmo amado do fundo do coração de todos, não foi o suficiente. Segue a tua vida. Vai à descoberta. Faz o que nunca conseguiste fazer. Adapta-te aonde nunca te conseguiste adaptar. Pega na guitarra portuguesa e faz da música, o que sempre quiseste fazer. Mas, sê feliz.
Tenho saudades tuas. Eu amo-te, tio.

Eu só quero que estejas feliz!

Vai, Anjo de Asas Leves.

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