O Clã do Comboio - Sem Preconceitos.


Sem Preconceitos.Felizmente, sem preconceitos, ainda que sentindo o peso deles, elas chegaram à plataforma. O dia despontava com sol e Primavera e havia no ar a sensação de que o mundo ia ser um lugar bom para se estar.
Ela era baixa mas muito proporcionada. Tinha o cabelo louro a cair-lhe pelas costas em caracóis pequeninos. O olhar claro e enlevado de amores inequívocos era determinado. Roupas práticas. Não veio embarcar, veio só fazer companhia.
Ela era baixa mas muito proporcionada. Tinha a tez muito clara e o cabelo caía-lhe castanho pelos ombros em caracóois largos. Os olhos de amêndoa eram tímidos. Roupas práticas. Veio embarcar.
Quando se despediram, o olhar determinado procurou o olhar tímido e encontrou-o. Os lábios dela procuraram os lábios dela. O olhar tímido virou a cara e recebeu o beijo na face. O olhar determinado não queria despedir-se sem sentir-lhe o calor de um beijo apaixonado, colocou-lhe uma mão na nuca e beijou-a nos lábios forçando um bocadinho o tempo do beijo.
E foi aí que vi cair os preconceitos. O olhar tímido, olhou em volta à procura das recriminações, talvez, à procura de quem olhasse com ar de condenação, à procura de um risinho. Mas não encontrou nada disso. Tudo estava normal. Tinha sido beijada pela sua amada e o Universo não havia ruído. E isso trouxe-lhe coragem. Tomou ela a iniciativa. Colocou uma mão na nuca da sua amada, puxou-a para si e beijou-a carinhosamente. Como ambas mereciam. Sem preconceitos. E a Primavera esteve cumprindo a sua missão e o mundo, afinal, nasceu mesmo um lugar melhor para se estar.

NetWorkedBlogs