Publicidade

Será importante avisar os meus leitores de que este texto é EXCLUSIVAMENTE sobre publicidade. É importante porque, quando disse que pretendia escrever o texto, avisaram-me: "Vê lá no que é que te metes."

Pois, caros leitores, este texto será escrito com naturalidade, chamando as coisas pelos nomes delas e não por eufemismos ou paráfrases. Não é um texto sobre racismo, nem análises culturais, nem contém culpabilizações e, muito menos, acusações.

Acontece que eu adoro publicidade e gosto de acompanhar, não só a excelente publicidade, mas também a competição pelos mercados feita através da publicidade.

Há umas semanas, uma cadeia de hipermercados cuja idoneidade não questiono, o Continente, lançou uma campanha de publicidade com o slogan "O Continente somos todos nós". A campanha visava informar acerca da fusão das marcas Modelo e Continente e procurava a proximidade com o cliente. Assim, junto à frase colocava sempre uma face de uma pessoa em grande plano. Até aqui tudo bem. Ou quase tudo. Reparei na altura, sem falsos moralismos e por mera curiosidade, que todas as faces eram de pessoas brancas. Nem pretos, nem amarelos, nem castanhos, nem encarnados... Ou seja, numa leitura arrojada, "Todos nós" éramos brancos. Não dei importância. Era só uma publicidade e até me podia ter escapado algum cartaz à atenção.

Mas não deve ter escapado. Nem a mim, nem à concorrência. Pouco tempo depois, uma cadeia de hipermercados cuja idoneidade não questiono, o Pingo Doce, lançou uma campanha com o slogan "Aqui não paga nada a mais pela qualidade". A suportar a campanha estão uns cartazes com faces de pessoas em grande plano e alguns produtos, frutas, como fundo da foto. Ora adivinhem lá o que aconteceu? O Pingo Doce aproveitou a "distracção" da concorrência e fez espelhar a multiculturalidade étnica nos seus cartazes com brancos, pretos, amarelos e outros a pontificar nas fotos...

Estas mensagens não são óbvias, mas o certo é que os departamentos de marketing não dormem. No meio disto tudo, o importante é que compremos só o que queremos, de acordo com os nossos critérios. Sejam eles quais forem, qualidade, preço, gosto, etc. têm é de ser nossos!

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