"Com Amor," - Documento 27


Meu Homem Rui,
Fiquei com um pormenor a saltitar-me na cabeça. Uma comichão mental. Um dia destes estava a passar os canais de televisão e detive-me num porque alguém desenvolvia uma teoria interessante. Era uma daquelas entrevistas em que o entrevistado está de costas, na penumbra, para não ser identificado e a sua voz surge distorcida. Quando por lá passei, defendia que as mulheres gostam de fazer amor com outras mulheres por razões diversas sendo uma delas a suavidade calorosa da pele. E fez uma comparação. Disse que nos homens havia aspereza. Nas mulheres, suavidade.
E eu pensei em ti. Não é que isto constitua surpresa. Hoje em dia penso em ti a propósito de quase tudo e por quase nada. Pensei em ti porque, efectivamente, meu homem Rui, houve nos homens com que me cruzei até hoje essa aspereza no toque que, em certa altura, confundi com masculinidade, mas que é só mesmo aspereza. E houve também uma avidez devoradora muito centrada neles. Nunca cheguei a perceber se faziam amor comigo, ou se eu era só o instrumento de fazerem amor com eles próprios! Dá para perceber?
Tu foste diferente. Os teus movimentos, as tuas carícias, os teus sons, eram, antes de mais, para nós e nunca me esqueceram. Quase se pode dizer que estavas fazendo amor e sendo atencioso ao mesmo tempo. E o toque, meu homem Rui, não sei como fazes, fizeste, mas não senti essa aspereza de outros companheiros. O vigor e a energia, sim, mas o toque, Rui... foste suave como sedas orientais. Deslizaste sem impor. Dançaste comigo a dança de fazer amor. Um tango perfeito.
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Duvido, Rui. Duvido sempre. Mas quero-te de novo em mim. Quero de novo a seda do teu toque no meu corpo.
Com Amor,Verónica.

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