A Escola de Amar

A Escola de Amar

Tempos houve
Em que a minha pele era lisa.
Tempos houve
Em que a minha voz era cristalina.
E foi nesses tempos
Que meu corpo parecia
Tocado pela graça divina.
Tempos houve
Em que era perfeita a visão
E me não falhava o olfacto.
Tempos houve
Em que tinha a exacta dimensão
Traçada do mundo pelo meu tacto.

E houve tempos
Em que fui pleno.
Em que possuí
O momento sereno
De ter-te entre
Os meus braços.
Foi no tempo
Dos dias escassos
Para tanta vida,
Para tanto amor.
Foi no tempo
Da insensibilidade
Ao frio e ao calor.

Eu sei que passaram os dias
E os meses
E os anos com eles.
Eu sei que me nasceram estrias
E se me enrugaram as peles.
E sei também,
Com essa natural
E empírica ciência,
Que não há no mundo equivalência
Para o que sou capaz de amar,
Para a minha inesgotável experiência
Deste caminho
A que chamam vida.
Deste amor e deste carinho,
Desta entrega,
Deste sal e deste vinho,
Desta tentativa de não acabar sozinho…
De não morrer…

E sei que,
Para o tempo que me resta,
A solução
E o segredo
É aprender!
É limar a aresta da vida,
A linha incerta e indefinida
Da minha existência.
Para tão grandiosa vida,
É tão pouca a ciência
Que me diz
E me vem sussurrar:
A longevidade,
E o segredo da vida
Resumem-se a AMAR.

jpv

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