"Com Amor," - Documento 33


Caro Eduardo,
Há pouco tempo atrás, há meses, talvez até há semanas, tê-lo-ia repelido. Teria sido seca, amarga, ou pior do que tudo isso: indiferente. Acontece que ando a reconciliar-me com a vida, ou ela comigo, e ando mais desperta para as surpresas e imprevistos que possam suceder-me. Por vezes basta cruzarmo-nos com alguém que nos altere a perspectiva, que nos faça, com poucas e sensíveis palavras, olhar as pessoas e as situações de outra forma e todo o curso da nossa existência se altera. O Eduardo encontrou-me exactamente na fase em que estou reolhando a vida e os homens nela.

Viu elegância em mim, confessa. E sabe que vi em si? Delicadeza. Uma intensa e genuína delicadeza que já não é deste tempo. Nas palavras. Nos gestos. E no olhar. Havia delicadeza até na forma como se movimentava. Agradeço-lhe por isso. Quanto ao seu inusitado gesto, à sua ousadia, até o facto de o considerar inusitado é pouco comum. Muitos homens não medem as distâncias e fazem abordagens incorrectas e indelicadas. O Eduardo foi ousado, sim, mas nunca desrespeitoso. E isso marcou a diferença. Gostei de o conhecer, sabia?

Claro que nos escreveremos. Não o estamos fazendo já?

Até já!
Verónica.
Ps: pagou o café!

NetWorkedBlogs