O Clã do Comboio - Deve Ser Engano!

Deve Ser Engano!

São 6:55 quando estaciono o carro no Entroncamento. Gosto do fresco da manhã na face enquanto me dirijo para a estação de caminho-de-ferro. Na ponte aérea contemplo a quietude da estação de luzes ainda acesas. Quando chego, vou ao bar, peço um café cheio, aspiro-o profundamente e saboreio-o. Vejo algumas caras conhecidas e começo a entrar no dia. Mais um dia. Será especial, por certo. Todos os dias vividos são especiais.

Alguns companheiros de viagem vão chegando e saudamo-nos com sorrisos matinais e olhares predispostos a mais uma corrida. Estamos nestas primeiras trocas de impressões quando, pelo altifalante, uma voz masculina anuncia:
- Vai dar entrada na linha nº 3 o comboio regional procedente de Coimbra. Termina nesta a sua marcha.

Tudo normal. Não é o nosso, mas traz gente para o nosso. Pouco depois deu-se o episódio que originou estas linhas. A mesma voz masculina no altifalante anunciou o nosso comboio:
- Vai dar entrada na linha nº5 o comboio interregional procedente de Tomar, com destino a Lisboa, St.ª Apolónia. Efetua paragem em Santarém, Setil, Vila Franca de Xira e Lisboa Oriente.

O anúncio estava correto. Nada a dizer. O mundo no seu sítio. Estranhámos, contudo, um fenómeno. Apesar de já se ter terminado o anúncio do interregional das 7:18, continuou a ouvir-se um restolhar, um ruído de fundo no altifalante como se não tivesse sido desligado e alguém se movimentasse na sala. Até que se ouviu, em voz límpida e clara, por toda a estação:
- Fooooda-se!

Olhámos uns para os outros como que a confirmar se tinha sido verdade, entre o interrogativos e o embaraçados, quando, um pouco mais à frente, um velhote exclamou:
- Deve ser engano, não conheço nenhuma terra com aquele nome!

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