O Clã do Comboio - Tristeza

Tristeza

Era um dia como outro qualquer. Vozes cristalinas, conversas entusiasmadas, o SuperPicas estava connosco, as histórias multiplicavam-se, o ambiente estava, como sempre, cordial, bem disposto, uma alegria no estar e uma vontade de estarmos juntos. Que me lembre, ia o Escritor, A Rapariga do Riso Fácil, o Rapaz do Fato Cinzento, a PL, a Rapariga com Brinco de Pérola, a Senhora da Revista de Culinária, o JJ, o Homem da Mala Térmica, o Américo e o RB.

Um telefone tocou. Foi o da Rapariga do Riso Fácil. Ela levantou-se e atendeu e quando regressou junto a nós era já outra mulher. Vinha constrangida e triste. Soubera, entre nós, que perdera para sempre um familiar querido e chegado.

Foram talvez e até hoje, os momentos mais insuportáveis do Clã do Comboio. E não foi porque não compreendêssemos ou porque se quebrasse a união, a solidariedade ou a alegria. Não foi nada disso. Foi só por causa da impotência. A impotência da vida perante a inexorabilidade da morte e a impotência de pouparmos a Rapariga do Riso Fácil ao sofrimento e à tristeza.

Ela fez um esforço enorme para resistir, para que a viagem fosse tão normal, natural, quanto possível. E nós tentámos animá-la, dar-lhe força, coragem, traçar com ela um plano de regresso a casa. É evidente que a nossa solidariedade se manifestou de novo, mas contra esta tristeza, contra esta força avassaladora da morte, há pouco a fazer.

Sabes, miúda, ultimamente andas particularmente bonita e feliz. Já todos reparámos nisso. Além da tua alegria de todos os dias, vive em ti um entusiasmo especial. É isso que queremos não percas. Sim, precisas do teu luto. Mas não percas nunca, não deixes nunca que se sufoque, aquilo que faz de ti uma pessoa especial para todos nós: a tua genuína e quase ingénua alegria de viver. Estamos contigo, sabes isso. Estaremos sempre!

Pelo Clã, o Escritor.

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