"Com Amor," - Documento 65


Oi Laura,
É giro que tenhas colocado "Rescaldo" no assunto. Rescaldo é o que fica depois de um fogo quente. Acho que foi isso o que aconteceu. Um fogo quente que não tinha por onde arder e de repente encontrou.
Fizeste bem em escrever. Se não o fizesses eu fá-lo-ia, por certo. Eu não sou muito de explicar e dissecar as coisas. Limito-me a vivê-las. Como tu pareces ter essa necessidade, cá vai a minha interpretação. Não estou zangada. Seria parva se estivesse. Espero que acredites que eu não planeei nada disto. Foste tu que me convidaste para os choquinhos fritos e quanto ao resto, fiquei tão surpreendida como tu. Mas não preocupada e muito menos envergonhada. Acho que somos adultas e responsáveis e isto terá o significado que quisermos dar-lhe. Todo ou nenhum. Num caso e noutro, a decisão é nossa, só nossa. E a nós cabe assumi-la ou resguardá-la se for caso disso.
Eu lembro-me dos choquinhos fritos e das garrafinhas de rosé, também me lembro das caipirinhas e lembro-me de uma noite divertida que acabou em minha casa a falarmos alto dos homens que são uns trastes, a beberricar vinho do Porto e a fumar uns cigarros. Lembro-me de me teres perguntado sobre aquela história das mulheres terem a pele mais suave e lembro-me de termos feito amor com quanto carinho conseguimos. Acho que começámos a tentar ensinar uma à outra como é que os homens deviam beijar e onde e como deviam pôr as mãos, etc...
Também me lembro de teres saído com um sorriso nos lábios. Não parecias nada preocupada nem envergonhada.
Aliás, até estavas muito bem-humorada. Antes de saíres, quando te despedias, disseste algo como, Deixa lá, ao menos não corremos o risco de engravidar!
Laura, isto, ou não foi nada, ou foi alguma coisa. Nós é que decidimos. Precisamos conversar sobre isso. Mais nada.
Beijo
Madalena.

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