Efeméride


Já houve tempos, anos, em que este dia era triste porque restava nele a memória de ti com a incompletude toda que isso implica. A tua falta. A tua insuportável ausência.

Depois, com o tempo, foste reafirmando a tua presença de outra forma. Na gratidão do que nos ensinaste, na forma como fizemos opções a pensar no teu conselho, no guia que continuaste a ser ao longo dos tempos, nas histórias recontadas por familiares e amigos acerca de ti.

De tal forma foi isto que, hoje, é como se aqui estivesses. É como se a tua presença se tivesse reerguido entre nós. Se estivesses entre nós, vivo sei que estás, farias hoje 78 anos. E já não me apetece dizer que tenho pena de não ter vivido os últimos treze contigo porque o facto, a evidência à saciedade demonstrada é que viveste, vives, em mim. Em nós.

Sabes, Pai, se estivesses hoje entre nós, estranharias a volta que este mundo levou em tão pouco tempo. E estranharias que, para pessoas como tu, também já há nome. Tu hoje serias uma personalidade transversal. Os nomes que dão à capacidade de amar, de ser-se guia e pai e amigo e ouvidor e conselheiro e segurança e idealista e educado e simpático, e... e... e...

À medida que o tempo vai passando e os homens se vão revelando à nossa volta, tu renasces e reergues-te e continuas a ser o farol que nunca deixaste de ser.

Hoje ainda não falei com a Mana, mas vou assinar este texto em nome dos dois. Sabes porquê? Porque também nos ensinaste isso: a comunhão, a intrínseca solidariedade de sermos uma família reunida em si. E quando se aprende essa lição, há coisas que não precisam de dizer-se ou combinar-se para sabermos que são comuns. Essa foi a tua herança. Um verdadeiro tesouro.

Com saudade,
O rapaz e a miúda.

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