Golden Gate


Golden Gate

Fundido está o ferro.
Desenhado está o portão.
Abre e fecha sem erro
Por dextra ou sinistra mão.
Torcido está o ferro,
Construída a gaiola,
Para sua ave canora e cativa.
Se a dourada prisão
É feia ou bonita,
Isso,
Depende da perspetiva.
Quer sair a ave
Que agora presa está.
Desespera com o cativeiro
E anseia a liberdade
Porque não sabe
O que esta lhe trará.
Liberta-se e voa
À procura da sua sorte
E a única que encontra
É um jogo soturno e frio
Cujo vencedor é sempre a morte.
Em fome e perigo
Passa por ali outra ave,
De asa abatida e torta.
Entra na gaiola
E fecha, por dentro, a porta.
Por insegura se sentir,
Na gaiola se escondeu,
Faltou-lhe a liberdade,
E por isso morreu.


Vieste até mim,
Trazias uma lágrima sentida,
E disseste, enfim,
Porque tinhas a alma perdida.
És libertina e canora,
Irradias, dentro da tua gaiola
A luz que levaste cá de fora.
É curiosa e dramática
A tua situação.
Estando lá dentro,
Queres vir para fora,
E voando cá fora,
Lá dentro, cativo, ficou teu coração.


Não há portões doirados,
Nem gaiolas que preservem da maldade.
O portão por ser portão,
A gaiola por gaiola ser,
Hão de sempre tolher a liberdade.
A menos que aconteça
Ser-se cativo por vontade.
jpv

NetWorkedBlogs