Herança da Beira da Estrada


Herança da Beira da Estrada

Um Dia Destes
Reclamo outra herança
E inverto a funesta
E repetitiva dança
Do deve e do haver.
Os meninos já não crescem,
A terra seca estéril
E não medra o verde.

A chuva queima a pele
E arde no coração
A fogueira do desespero.
Não sei as armas,
Não conheço outras
Que as palavras
Com que amo e odeio.
A virtude morreu.
A esperança
É um cinza indefinido,
Um braço erguido,
Um grito suspenso,
Um olhar tenso,
Um lápis partido.

Vi-os caminhando
Por entre os povos
Jogando ao ar
Sementes de medo
E conforto.
O homem sentado no sofá,
Mudo como um penedo,
Com o comando na mão,
Afinal, estava morto.

Puta que te pariu,
Semente ruim!
O homem de bem não te viu
E sugaste o tutano da terra
Até ao fim!
jpv

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