O Sol ao Contrário

Marginal de Maputo. 
8 de maio pelas 6:25 da manhã.

As Cores da Capulana

O Sol ao Contrário

Pela manhã
Fresca e inaugural, 
A prosa estava ainda dormindo
E não me saía.
Olhando o astro formidável,
Deitei a alma no teu colo
E fiz uma poesia.
Escrevi essa sensação
De renascer
Que me assalta
A cada dia.
E escrevi as ondas do mar
Onde a luz amarela e forte
Vem bailar.
E escrevi esse paradoxo
Perturbante e sem fim
Que é o sol nascer,
Nestas paragens,
Ao contrário de mim.
Já havia perdido
O Norte,
Já havia perdido
O Sul.
Ficou-me só
A sorte
De, no Índico,
O mar também ser
Azul.
E, olhando a bola de fogo,
Sobre o líquido manto 
Pintado com a cor do céu,
Sei que sou eu
E estou aqui.
Invade-me
A eternidade e a calma,
Quando me embalo
No mar
E tenho o teu colo
Para a minha alma.

jpv
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