Sem Jeito



Sem Jeito

Passo à porta
Do teu silêncio
E sinto o bater
Incerto
Do teu peito.
Bate de estranho
E inusitado jeito,
Como se não quisesse bater.
És tu que pressentes
Minha passagem,
Ou nosso amor a morrer?
É um viajante
Que desistiu da viagem,
Ou um rumor
A reviver?

E as palavras que calas,
São como letras soltas 
Nos lábios
De uma criança a juntá-las.
Vivem incertas
E temerosas
Atrás da porta
Onde habita teu coração
A bater dentro do peito
Devagarinho
E sem jeito
Para eu não ouvir.

Aproximas-te a fugir
E é esse teu imperioso destino.
Amar um homem grande
Com coração de menino.
Ser mulher crescida
De corpo esculpido e feito
Onde bate um coração
Sem jeito.

jpv

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