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Para Não Esquecer


Num cantinho do mundo, aqui onde chegam poucos ecos do Homem, Internet precária e telefónica,  lembrei-me de algumas mulheres.

À minha Mulher.
À minha Mãe.
À minha Mana.
A todas as Mulheres da minha FaMília.
A todas as Mulheres que conto por aMigas.
A todas as Mulheres do Mundo.
Uma palavra de gratidão, de respeito e consideração, hoje e sempre!

jpv

A Infância do Sorriso



A Infância do Sorriso

A minha língua
Na tua boca,
O desenho dos teus lábios
No meu desejo.
O movimento solitário
De um longo e húmido beijo,
Só meu.
Só eu.
Os meus olhos
No teu olhar incógnito,
Perdido, incerto e terno.
Uma visão quente e doce
No pico do inverno.

Esta impotência de ti.
Esta estrada de que fugi.
Este tempo que passou.
Uma ilusão que partiu,
Em manhã de sol,
E não voltou.

Só tu, eu e a terra
E os segredos
Que o tempo encerra
Na dor e na distância.
Nessa gloriosa e áurea
Infância
Do sentir.
Quando tudo era puro
E não carecia explicação.
Um sorriso,
Um olhar,
Uma mão pousada
Noutra mão.

E agora olho-te
E anoiteço.
És mais do que peço.
És a outra ponta da vida.
A quimera.
A oportunidade perdida.
Nem sei que sejas.
Nem sei que seja.
Mulher que brota vida,
Mas não me beija.
Para ti,
Não existo,
Não me reconheces ao passar.
Ah, se ao menos,
Teu coração pressentisse
O meu,
A pulsar!

Divulgar Causas


A WLSA - Women and Law in Southern Africa - é uma organização que nos países africanos de língua oficial portuguesa se denomina por "Mulher e Lei na África Austral" e se preocupa fundamentalmente com a questão da violência doméstica, em particular, a que é exercida sobre mulheres e crianças.

Tem um papel essencialmente informativo e preventivo e desenvolve campanhas de sensibilização.

O cartaz acima tocou-me e merece-me esta nota de divulgação pela sua crueza, pela força da palavra e da imagem, pela vulgarização de algo que é precioso e o deveria ser sempre. Está disseminado por Maputo tal como espero se vá disseminando a mensagem.

jpv

M de...


M de...

M de Solidária,
M de Persistente,
M de Amante
E Mãe da gente.

M de Perspicaz,
M de Sofrida,
M de Ipunemente
Agredida.

M de Dádiva,
M de Entrega total,
M de Proteção
À escala global.

M de Graciosidade,
M de Ternura,
M de Amor
Que perdura.

M de Elegância,
M de Sedução,
M de Querer
A tua roupa no meu chão.

M de Educar,
M de Resiliência,
M de Suportar
A vida 
Com infinita paciência.

M de Solteira,
M de Casada,
M de ser a única
Que tem um M de Divorciada.

M de Trabalho,
M de Corpo,
M de Seio,
E M de Espera...
E o homem não veio.

M de Presença,
M de Paixão,
M de Crer,
M de tentar até morrer.

M de Inteira,
M de Companheira
Da companheira M.

M de Mulher
Para o homem que souber.

M sem mais nada,
Nua e despida,
M na morte toda,
Porque M toda a vida.


jpv

Conversas Vadias - O Amigo


O Amigo

- Eh pá, se não fosse cá por coisas, diria que a minha mulher me anda a trair...
- Então porquê?
- Sei lá, pequenas coisas do quotidiano, pormenores...
- Como assim?
- Coisas que faz e não fazia, coisas que fazia e deixou de fazer, aquele ar satisfeito e irónico... sei lá, sinais...
- Olhá lá, não estás para aí a imaginar coisas?
- Naaa... e tenho quase a certeza que sei com quem é...
- Então?
- Acho que é com o meu melhor amigo.
- Eh pá, eu julgava que o teu melhor amigo era eu...
- E és!
jpv

Poema da Mudança de AC


Poema da Mudança de AC

Estás na idade
Em que se define
A tua figura fina.
Anuncia-se a mulher,
Despede-se a menina.
Ondulados, os cabelos,
Como numa estátua helénica,
O sorriso cândido,
O olhar melancólico
E a pose fotogénica.
Finda o tempo
Da menina que anda,
Começam os dias
Da mulher que caminha
E se insinua
Só com o passar.
Estás na fase de ser senhorinha...
Para nós, sabes como é,
Mude o que mudar,
Veremos sempre a bebé.

Mas vive, já,
Nos teus gestos
E na tua presença,
O porte que dita
A sentença
Da perseguição.
Olham-te com volúpia
Os mancebos e os homens,
Teu pai senta-se à porta de casa
Com a caçadeira na mão!

E tudo isto
Me conta uma história,
Ainda que guarde na memória
Quem foste,
Eu já não o sou.
Passou por mim o tempo
Que te esculpiu
E me desgastou.
O mesmo espelho
Que te reflete mulher
Mostra-me velho.
E a única glória
É ver na minha morte
A tua vitória.

Nenhum homem
Comanda o tempo.
Nenhum homem,
Faça o que fizer,
Fica isento
À mudança de uma menina
Para mulher.
jpv

Conversas Vadias - O Departamento das Suspeições





O Departamento das Suspeições

- Gosto de falar contigo.

- Eu também, pode-se dizer tudo.
- Sim, é libertador.
- O sexo é uma consequência, não é o início da nossa relação.
- Tens razão. Já tenho pensado nisso e acho que é aí que reside o milagre do que há entre nós.
- Sim, mas isto é tudo muito confuso...
- Estás com dúvidas?
- Não, pelo menos em relação a nós, mas...
- Mas...
- Preocupa-me que se descubra. Achas que a tua mulher suspeita?
- Tenho a certeza de que não e, para ser franco... já que pegas no assunto...
- Diz...
- Acho sinceramente que, no departamento das suspeições, o perigo vem da tua mulher.


jpv

O Clã do Comboio - Pequenina como a Sardinha


Pequenina como a Sardinha


Há uma expressão popular que diz "A mulher quer-se pequenina como a sardinha". Cá para mim, é reflexo do desejo português de compactação das mulheres, ou então, e mais provavelmente, emerge a expressão do facto das mulheres portuguesas serem, geralmente, pequeninas. Venha de onde onde vier, o curioso é cruzar essa expressão popular com uma outra que diz "Mulher pequenina, ou velhaca ou dançarina".

Vem isto a propósito de andar há já algumas semanas a observar uma passageira que se senta sensivelmente no mesmo sítio e que é uma típica mulher portuguesa, pequenina, portanto. Tem a pele pintada de um moreno bronzeado, o cabelo liso pelas costas, os olhos muitos escuros e muito vivos. Dorme profundamente até Lisboa, veste de acordo com as exigências do trabalho porque alterna entre fatos muito formais e outros bem práticos. E sempre, rigorosamente sempre, com uns óculos de sol Ray Ban clássicos a lembrar o Tom Cruise no Top Gun. Em todo o caso, traz todos os dias a sua mochila e a sua lancheira onde, por certo, transporta o almoço.


E é precisamente no pormenor da lancheira que me quero deter. Quando entra no comboio, coloca, invariavelmente, a lancheira na prateleira superior. Uma vez em Santa Apolónia, não chega lá acima para a tirar. Nunca isso constituiu um problema. Põe um pé, com cuidadinho, na ponta de um banco, segura-se à prateleira superior onde está a lancheira, iça-se e saca-a de lá em menos de nada. Desce, recompõe-se e vai à sua vida.

O interessante nisto é que este gesto revela a determinação que também o seu olhar espelha. Mostra a atitude resoluta e determinada que se percebe pelas suas expressões faciais. É pequenina, sim, como a sardinha e a típica mulher portuguesa, mas isso não parece constituir para si um problema. Bem pelo contrário!



jpv

Histórias do Autocarro 28 - A Mulher que dizia Palavrões

Não era preciso dirigir-lhe a palavra. Bastava olhar para ela ou, simplesmente, sorrir. Qualquer coisa constitui para si uma provocação como se todo o universo se tivesse reunido para conspirar contra si. A razão por que conto a sua história, narrativa breve e simples, tem a ver com um pormenor de linguagem. Ou melhor, dois. O primeiro é que tem o hábito de dizer que não vai dizer palavrões:
------- Não me puxem pela língua... O que vale é que eu fui bem educada e não digo palavrões, senão...
O segundo é que depois de dizer que não vai dizer palavrões, solta-os de enfiada como se não houvesse amanhã ou fosse morrer engasgada com eles:
------- Não me puxem pela língua... O que vale é que eu fui bem educada e não digo palavrões, senão mandava o estrangeirinho à merda ó o caralho. O cabrão deve julgar que é dono desta merda toda e a gente está aqui de cu para o ar p'ró servir.
Ora bem, não vos zangueis comigo, caros leitores, nem fiqueis mal impressionados. A verdade é que vos dei a versão suave e audível. A seguir ao estrangeiro zangou-se com um homem que lhe disse para não dizer palavrões, depois com uma senhora que se riu quando ouviu a segunda rodada e quando saiu do autocarro ainda ia a vociferar contra o mundo no mais agressivo vernáculo que se possa imaginar.
Uma coisa eu garanto, aquilo foi em crescendo, ou seja, sempre que se sentia provocada, a fiada vernácula era maior e menos audível...
Outra coisa eu garanto, a viagem foi diferente. Menos sisuda!

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