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Estar num aeroporto é sempre estranho. Desta vez, ainda mais estranha se tornou a sensação porque fizemos o ceck-in às 5:30h. e quando chegámos à zona comercial de acesso às portas de embarque, estava tudo fechado. Bem, não estava exactamente tudo fechado. O Harrods estava aberto. Juntámos sumo de laranja e café a uma sandes de queijo fresco em pão de cereais. Foi nesse momento que escrevi estas linhas. Estou confortavelmente sentado numa cadeira branca. À minha frente está um sinal dos tempos. Um homem que claramente não é português, a avaliar pelos traços e pela roupa, tem, junto aos despojos do pequeno-almoço, três computadores portáteis! Eu, que fujo agora de tudo isso, percebo a nossa escravidão. Nem come descansado. O trabalho vai consigo para todo o lado. É um escravo do conforto e das condições.
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Aos poucos foi aumentando o ruído. Um restolhar de chávenas e pires. Um copo que se parte, as máquinas que acordam e exalam vapores, as luzes que se acendem, as pessoas que lutam contra a ruína da Babel expressando-se em português com e sem sotaque sul-americano, em inglês, em alemão, em francês, em espanhol. Acorda o monstro do seu sono breve e isto agora já parece um aeroporto. Ainda bem, o embarque é daqui a uma hora.
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Aeroporto de Lisboa - Harrods