Creta 2010 - Diário de Bordo - 2

29/7/2010 - 08:31h. - No avião (Lisboa-Zurique).
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Quando escrevo estas linhas há uma pequena turbulência que me não preocupa mas relembra a impotência, a total impotência que é viajar de avião. Quando entrei, reparei que era um Air Bus A319 da TAP com o sugestivo nome de "Humberto Delgado". Não viajo muitas vezes de avião mas o suficiente para dizer que, não sei bem porquê, viajar na TAP é diferente para melhor. Quase como se, no meio de tanta eficácia e tecnologia, houvesse um toque artesanal. Correndo tudo bem, esta coisa deve poisar daqui a duas horas e meia em Zurique.
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Andar de avião gera-me um sentimento contraditório. Primeiro, uma confiança e um orgulho enormes na Humanidade que voa como os pássaros, muito acima dos pássaros, encurta distâncias e atravessa fronteiras a velocidades incríveis. Duas horas e meia para fazer 1726km! Por outro lado, uma quase epidérmica e inevitável desconfiança. Nesta lata que voa, onde me mostram um filme com umas cenas de desporto e me servem uma refeição, há milhares de cabos, quilómetros deles, o mesmo com tubos, há turbinas, geradores, combustíveis, tudo pressurizado dentro de uma cápsula metálica a que chamam avião. Não consigo deixar de imaginar um desses cabos a falhar, um furinho minúsculo num tubo, uma turbina que diz "Não me apetece mais". E é por isso que vou confiante e desconfiante. Acima dos pássaros, mais perto de Deus, a caminho de Zurique.
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Entre Lisboa e Zurique
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O original do texto aqui transcrito

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