De Negro Vestida - XXXIV


Despertar – VIII
------Veremos em breve em que palavras, em que emoções e em que gestos vai desembocar esta noite. Se tiver de ser em corpos entregues às conversas da sedução, dos suores gemidos e afagados pela doçura dos gestos, então será. Serão a noite a as pessoas nela a ditá-lo que nós não inventamos estórias, limitamo-nos a contá-las tal como aconteceram.
------António Pedro foi como só sabia ser. Absolutamente natural, confrangedoramente franco na atitude e aberto nas palavras. Falou como se nada tivesse a esconder, como se a conhecesse há muitos anos e com ela pudesse partilhar tudo. Falou-lhe do seu trabalho, do que gostava nele e do que nele lhe desagradava, mostrou-lhe as suas ambições, os pontos fortes do seu carácter e falou-lhe também dos fracos, fazendo uma inflexão de voz, tornando-a mais grave e pausada como que a querer que ela acreditasse nele, sobretudo nas fraquezas. Maria de Lurdes estava espantada com aquela abertura e com aquela naturalidade e pensava de si para consigo Este homem não precisa proteger-se? e estava entre este pensamento e a tentativa de o acompanhar no discurso quando foi de novo surpreendida. Ele falou-lhe da família. Da mulher que amava, dos filhos, três, que eram a razão da sua existência. 

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O Romance "De Negro Vestida" foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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