A Espuma do Navegante


Nada me garante
Que a espuma cortada outrora
Por um navegante
Não seja a mesma
Que vem beijar-me agora
Os pés
E perguntar-me com violência
Quem és?

Fala comigo, o mar,
Abre-me as portas da consciência
E obriga-me a dizer-me
As coisas puras
Antes do filtro da inteligência.

Quebra as rochas
Com estrondo
E quebra-me os fingimentos,
Que um homem sente-se mais verdadeiro
Perante a imponência
Dos líquidos movimentos.

Há sal e há verdade
Em ti, ó mar,
E há humanidade
No gesto de te contemplar.

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