Res Púbica

Vive no jeito das tuas palavras
Um sentido de fecundação,
E emerge do traço
Dos teus seios
A forma que me preenche a mão.
E dizes a liberdade e o amor e a entrega e o sexo
Como quem comenta um poema
Ouve uma partitura
Respira o ar.

E guardas-me em ti em carne e semen
E fechas-me no teu casulo de amar
E habita em tudo isto
Um sentido extraordinário
de normalidade.

Tu és a vida, ó musa,
A vida amada
Que a vivida é pouca para ti!

Meu feriado nacional,
Meu estádio de futebol,
Meu filme,
Meu livro,
Meu mar,
Meu ar.
Minha festa de aniversário,
Meu doce e suave opiário.
Em ti me perco e contigo me ganho
E é por ti que acordo desta morte que vivo
E navego na ondulação dos amantes,
No azul do mar,
Nas palavras por encontrar.

Sobra-me a tua alma.
Falta-me o teu corpo
Que não vive um homem erecto
Sem esse suave sopro.
E arranhas-me o sentir
Mesmo antes de vir
Ao mundo a vida
De encontrar-te
Sob o meu peso.

Minha doce e suave comemoração,
Minha res púbica
De Amor ao vento
E peito desnudado,
Se soubesse que nascerias para mim,
Todos os dias seriam feriado!

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