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Hoje fiquei triste com o teu sofrimento. Sofri contigo. Vi-te a crise nos olhos. Não a dos gráficos. A verdadeira. Quase me pareceu despropositado pedir-te que fosses menos agressiva com os teus companheiros, mas, acredita, tudo correrá melhor quando soltares e semeares as coisas boas que há em ti. Queria tanto ajudar-te e sinto-me tão impotente. Em nome do conforto e do conceito de ter, andamos a sacrificar jovens, famílias, padrões e depois as pessoas suaves e doces como tu ficam agressivas. Não é justo. Será que os senhores de fato que discutem percentagens e estratégias e cortes e planos sabem que a tua vida, a tua dor, o teu sofrimento, a doença da tua mãe, o teu desemprego, o facto de sustentares uma casa com a adolescência ainda na face, sabem que tu não podes ser um fragmento de uma percentagem? Será que sabem que és gente? Será que sabem que a crise se materializa em ti? E em todos os que possam estar como tu?
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Espero que me tenhas ouvido. Espero que encontres força e fé para acreditar. Desejo-te o melhor do mundo. Desejo-te que um dia o mundo seja teu. Desejo-te que preserves a tua família. Desejo-te que um dia vivas numa sociedade em que possas ser o que és e não o que reages.
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Não sabia bem como despedir-me de ti neste texto que provavelmente nunca vais ler, mas lembrei-me de uma expressão simples que as pessoas da tua idade usam muito e considerei-a a mais adequada. Por isso cá vai: "Fica bem!"