Oculto

É no gesto que escondes,
É nas palavras que não dizes,
Nos olhares que não trocas
Que se revelam
Os mais extraordinários matizes.
É na suspensão dos sentimentos,
No adivinhar dos pensamentos ocultos
Que oiço mais nitidamente
O que me sussurras.
E amo os beijos que me não dás
Mais do que os outros
Porque há coisas que um homem não faz
Que encerram mais coragem de viver.
E quando não fazes amor comigo,
Te não entregas doce e violenta,
Há nessa suspensão
O amor prenhe de quem tenta.

O oculto mora em nós
E tem força e tem pujança,
E nada do que acontece
Lhe rouba
Um só átomo de importância!

Não venhas, meu amor.
Não irei.
E completaremos nosso halo
Com esta incompletude.
Viveremos inquietos e insasiáveis
Na nossa tranquila quietude.

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