Presidenciais 2011 - Escolha aqui o seu Candidato

É aqui, amigos. Aqui neste blogue e em mais lado nenhum se vai escolher o candidato ideal para vencer as Presidenciais 2011.

Como hoje em dia se faz por tudo e por nada, traçaremos metas e delinearemos perfis. Ora, quanto às metas é fácil porque é só uma: ser Presidente da República Portuguesa. O perfil é que é o diabo! Coisinha difícil. Tenho muita compreensão e até certo dó por quem tem o ousado e corajoso cometimento de ser candidato presidencial. Diz-se para aí que hoje em dia os empregadores são muito exigentes, querem saber tudo, esquadrinhar a vida das pessoas, antes de as contratarem. Comparado com o escrutínio que se faz a um candidato, isso não é nada.

Este blogue facilitará a tarefa a todos os portugueses e portuguesas ou, pelo menos, aos que nos lêem que sempre são cento e picos em dias de vento favorável.

Primeiro requisito. A regra de ouro é que o político que quiser ser Presidente da República não pode ser... político! Que é lá isso agora os políticos acharem que podem fazer política? É uma arrogância, é o que é! Requisito imprescindível para exercer um cargo eminente e exclusivamente político: não ser político.

Segundo requisito. Ser pobre, ter sido pobre, ter amigos pobres, ter conhecido pobres ou, em última análise, independentemente do mais fausto e anafado aspecto, ter um dia passado fome nem que fosse uma laricazinha na fila para pagar o IRS. O nível de importância varia, mas é absolutamente imprescindível ter tido uma qualquer ligação com a pobreza.

Terceiro requisito. Ora, como não pode ser político, o que deve ser o político ideal para candidato à Presidência da República? Exactamente, não sei, mas deve ter uma profissão considerada digna. Tipo, médico, economista, professor universitário... Se a profissão puder estar relacionada com o segundo requisito, tanto melhor.

Quarto requisito. Este é um requisito coerente com o primeiro. O candidato ideal deve manter uma prudente distância em relação ao dinheiro. Acções, então, é fugir delas. Nunca ter tido, ter comprado ou ter vendido acções. E percebe-se. Sabendo nós que a crise é culpa dos bancos, quem tiver dinheiro nos bancos, sob que forma for, é também culpado. Assim, não é desaconselhável ter uma mesada, um dinheirito de bolso, mas acções é que não.

Quinto requisito. Não ter orientação política definida. Não ser de esquerda que é bandalho, não ser de direita que é elitista, não ser neoliberal que é amigo dos banqueiros que fizeram a crise, não ser nada. Ser neutro. E, simultaneamente, perceber muito bem o que são todos os que são alguma coisa.

Sexto requisito. Ser suficientemente inteligente para ser ignorante. Eu explico. O candidato deve ser inteligente e perceber do país e das pessoas e dos mercados e das necessidades e do que é preciso fazer para melhorar isto tudo, mas, ao mesmo tempo, tem de ser um ignorante político. Um tipo que percebe de tudo menos daquilo para que se candidata.

Sétimo requisito. Ter comprovadamente, leia-se, com testemunhas, desempenhado tarefas domésticas. Se não conseguir qualificar para este requisito, pode substituir por trabalho na lavoura ou numa indústria onde tivesse sido explorado. Em todo o caso, as tarefas domésticas pontuam mais na medida em que a maioria do eleitorado é feminino e aprecia uma ajuda na cozinha.

Oitavo requisito. Não ter amigos nem bem nem mal colocados. Sobretudo se derem nas vistas. O candidato ideal deve ter amigos e os amigos devem gostar dele e aparecer nas entrevistas rápidas no jornal da noite mas é fundamental que sejam sempre amigos anónimos.

Nono requisito. Nem ser tão velho que se identifique com o regime salazarista, nem tão novo que não tenha vivido nele!

Décimo requisito. Ter um nome próprio ou um apelido que reflicta a digna humildade do candidato, ou seja, funcione também como adjectivo. Se não tão humilde que sirva para adjectivo, ao menos que dê para nome comum. Não pontua tanto mas também qualifica. Exemplos válidos: alegre, nobre, defensor, cavaco...

Décimo primeiro requisito. Estar muito preocupado com a situação financeira a que os políticos profissionais deixaram chegar a nação e, ao mesmo tempo, defender o abaixamento dos impostos, a subida dos salários e o investimento público.

Décimo segundo requisito. Nunca ter roubado nada a ninguém e saber muito bem quem são e onde estão os que roubam!

Por fim, não como requisito, mas como opção metodológica, o não-político que quiser ser Presidente da República deve dar-se ares de independente e ter um forte apoio político, deve ser educado e acusar os outros candidatos de tudo quanto é coisa e, claro, deve ser sereno e colocar o dedo em riste enquanto fala com a veia jugular prestes a rebentar.

Fácil, não?
Juntando todos os ingredientes, fica-se com uma lusa versão do Tiririca, p'ra melhor não vai, pior não fica!

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