Coincidência.
Nada disto se passou no autocarro. Só incluo o presente apontamento nesta secção porque o que aconteceu, não tendo sido no 28, decorre dele.
A vida na sua infinita diversidade revela-se, por vezes, um ciclo muito restrito de inter-relações humanas. E o mundo, sendo imenso, revela-se pequenino como a palma da mão.
Há quase dois meses escrevi uma história sobre uma anónima que viajava no 28. A semana passada voltei a vê-la na paragem do autocarro e, com a minha reconhecida afoiteza, disse-lhe:
- Bom dia, desculpe incomodá-la, escrevi um texto sobre si que pode encontrar em http://mailsparaaminhairma.blogspot.com na secção "Histórias do Autocarro 28".
E fui à minha vida.
Nesta urbe imensa, trabalho com centenas de pessoas e o âmbito de alcance do meu trabalho estende-se por milhares de utentes.
Hoje, estava num evento que envolvia mais de duzentas pessoas. Entrei numa sala de conferências a certificar-me de pormenores de organização e, ao centro da sala, estava a minha anónima. A risada foi conjunta. O espanto foi mútuo.
- Como está?
- Bem, obrigada!
- Que faz por cá?
- Eu trabalho aqui.
- Eu vim cá hoje por causa do evento.
Outras simpáticas palavras de circunstância se trocaram, mas o que me ficou na retina, para além da sua inegável e confirmada elegância, foi a forma como o Universo brinca connosco. E nós a julgar que controlamos tudo!