Pescador

Anda um pescador atarefado
Atirando e estendendo a linha,
Parece um homem condenado
A ter a alma sozinha.
E há nos seus gestos banais
Um sentido global,
Como os grãos pequeninos nos areais
A comporem o quadro universal.
Interessa-lhe que tudo seja feito
E desde que o Universo o deixe,
Há-de chegar o dia
Em que até lhe interessa o peixe!

Já te percebi, ó pescador.
Pertences a uma casta de audazes,
Em cada gesto tens a dedicação e o amor
E não importa tanto o que pescas como o que fazes.
jpv

NetWorkedBlogs