Estranha (3)

Estranha (3)

Olá estranha!
Adivinha-se
Nesse sorriso matinal
A forma dos teus gestos,
Uma sensatez sempre igual.
E percebe-se
No teu bom-dia sussurrado
O desenho da companhia
No tempo partilhado.

Passam os dias
Na estranheza das manhãs,
E cresce este nada
E vive esta esperança
De não sei quê,
Um adiar constante,
Um eterno logo se vê.

Olá estranha!
Dou-te quase nada
E é como se me desses tanto
Que, mesmo sem saber quanto,
Me empolga
E satisfaz.
Podes tão pouco, estranha,
E, no entanto,
Se soubesses
Do quanto és capaz,
Talvez viesses
Inundar-me com a tua paz
Desenhada nesse breve aceno,
Nesse gesto efémero
E sereno
Que me acorda o dia.
jpv

NetWorkedBlogs