"Com Amor," - Documento 52


Laura,
Posso reconhecer-lhe algum espírito e até algum atrevimento, ainda assim, garanto-lhe que se tratou de um lapso, mais nada. Desolé!
Não foi longe. Foi ao lado. Talvez não completamente ao lado, mas, em todo o caso, ai lado.
Grato por haver destruído a mensagem.
Por fim, a farpinha, o espinho que quis deixar a incomodar-me o espírito; "Ai, ai, os homens..."
Os homens, Laura, tal como as mulheres, também podem cansar-se de uma companheira, de uma relação e de uma forma de vida.
Eu estou casado com a Patrícia há quase vinte anos e se vejo em mim um homem de muitos defeitos e algumas virtudes, garanto-lhe que a Patrícia tem muitas mais virtudes do que eu e a maioria das pessoas que conheço. Como tal, não é ela, a mãe, a esposa, a companheira que está em causa. Nem o amor que me tem ou lhe tenho. É o casal que foi vítima dos anos que passaram, dos desgastes, das crises e das rotinas e acabou crescendo em direcções opostas e acabou deixando de funcionar como um casal. Neste momento, o meu casamento resume-se a duas pessoas que vivem juntas, cumprem a sua parte de um contrato e têm filhos em comum. Não é pouco, mas não chega.
Não estou a justificar-me. Os meus actos são os meus actos e assumo-os. Estou só a dizer-lhe que os homens também sentem e também têm motivações nobres para os seus actos menos nobres. Os homens não são todos uns sacanas, Laura. Há homens que amam e há-os também que erram por amor.
Não sei porque lhe escrevo isto. Desculpe.
Maldito engano.
Rui

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