Curtas do Metro - Solidariedade


Solidariedade


Ainda há gente boa.
O trabalho traz-me alguns dias mais comuns e, na generalidade, traz-me dias muito intensos. Todos os dias lido com diversas áreas de atuação, todos os dias lido com dezenas de pessoas e todos os dias uso diversas ferramentas de trabalho. Por vezes, não tão raro quanto gostaria, saio mesmo muito cansado do trabalho. E é por isso que esta história existe.

Arrastei-me até ao Metro. Era tarde e ainda tinha pela frente duas horas e meia de viagem. Sentei-me e quase de frente para mim, uma senhora de avançada idade seguia olhando o vazio. Baixei a cabeça e segurei-a entre as mãos. Antes de chegar ao comboio, onde queria dormir um pouco, decidi não ver luz, passar pelas brasas momentâneas do Metro. Alguns instantes depois, um segurança toca-me no ombro e quando levanto a cabeça, ele diz-me, Está-se a sentir bem? Estou sim, obrigado. Só um pouco cansado. A senhora não se conteve, Olhe que não, olhe que não, este senhor ia mesmo a sentir-se mal... se não ia, parecia...

Apercebi-me, depois, pela conversa do segurança, que a velhinha se levantara do seu lugar e fora cambaleando carruagem a fora até encontrar um segurança para me ajudar. Até queria que eu chamasse uma ambulância, veja lá! E eu perguntei, Mas estou assim tão mal encarado? Não! Há pessoas que gostam de ser solidárias...

Não disse mais nada. Antes de sair, agarrei as mãos da senhora e beijei-lhas. Muito Obrigado, disse. E depois fiquei a pensar naquela frase, Há pessoas que gostam de ser solidárias... O mundo ainda não está perdido. Pelo menos entre a Baixa/Chiado e Santa Apolónia!

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