Meu Querido José Pedro,
Nunca, por um
momento só que fosse, duvidei das tuas intenções. Percebi, desde logo, a tua
dádiva, a tua intenção de todos ficarmos melhor. Entendi a tua estratégia de
unir-nos e isso eu amo em ti. O
que me assustou foi o detalhe e o acabamento da proposta. Ela é linda, mas
contém opções que hão-de determinar a forma como educamos os nossos filhos e
essas necessitam ser ponderadas e debatidas e as decisões que daí advierem
precisam ser partilhadas.
Sobre património
nem sei que hei-de dizer-te. Que te compreendo. Que até certo ponto concordo
contigo. Mas também que o maior património que podemos deixar aos nossos filhos
é amá-los e ensiná-los a amar, é proporcionar-lhes ferramentas com que possam
defender-se quando já cá não estivermos, é o respeito, o trabalho, a paixão, o
amor colocado em cada pensamento e em cada gesto. Casas e carros e terrenos não
são património, José Pedro, são uma amálgama de coisa nenhuma, perecível e
efémera. O verdadeiro património, meu querido, é o carácter que conseguirmos
construir neles, a força que lhes incutirmos e a capacidade de resistirem às
adversidades.
Eu amo-te muito,
meu amor, mas é a ti que eu amo. Não àquilo que possuis. E quero que o meu
filho seja capaz deste amor puro e genuíno antes e depois de todas as outras
coisas...
Tua, sempre tua,
Tânia.