Não foi a beleza dos teus passos.
Não foi a liquidez dos teus traços.
Nem tão pouco foi a generosidade das tuas formas.
Não foi a coloração do teu vestido
Leve,
Desafiando o equilíbrio do Universo.
Foi só uma imagem,
Um momento,
Um estilhaço
Guardado em verso.

Não foi a paixão.
Não foi a minha mão na tua mão.
Não foi o teu corpo curvilíneo de prazer.
Não foi a entrega em jogos de entreter.
Não foi a dádiva da tua alma libertina e esguia,
Foi só a vontade de guardar-te numa poesia.

Não foram as palavras ditas,
Não foram as palavras que se escreveram,
Não foram os gestos que se fizeram.
E nem sequer foram os que ficaram por inventar.
Foi só esta vontade absurda e louca de te cantar!

Menina dos passos leves,
Por que razão me invades
E te atreves
A incomodar-me
O mar calmo das coisas previstas?
Porquê este desassossego?
Porquê este emaranhado de palavras desnecessárias
Havendo entre nós tantas e tão várias
Razões para que tudo aconteça a seu tempo...
Em harmonia
E ponderado silêncio?

Não digas mais nada!
E sorri, se fores capaz.
Guarda a tua explicação
Que tudo explicado está.
E vem deitar a tua cabeça no meu ombro,
E olhar as estrelas.
Não as interpretes.
Contenta-te só com vê-las!

jpv


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