Meu Amor,
Resolvi escrever-te
hoje porque faz exactamente 1
ano desde o dia em que demos
um beijo apaixonado na salinha da fotocopiadora.
Foi o primeiro de
muitos e apaixonados beijos, de milhares de carícias voluptuosas e
estonteantes, de muito, intenso e maravilhoso sexo. Uma infindável conversa de
corpos, de jogos de prazer todos feitos de dádiva, de entrega, de pura e
natural sedução. Uma harmonia nos gestos que nasce na forma como encaramos o
mundo, a vida e o amor. Uma sintonia que começou nas palavras e nas ideias, se
materializou nos corpos e voltou às palavras com que sempre partilhámos tudo.
Tu não és uma alma
gémea. Uma alma gémea será uníssona, mas outra, e tu és, para mim, uma
parte do meu sentir, do meu ser e do meu agir. Nós somos fragmentos da mesma
alma. O nosso mundo, aquele em que conversamos, debatemos as nossas ideias e
trocamos os nossos corpos no bailado do amor, é um mundo perfeito. Assim ele
fosse o único. Mas não é, meu amor, minha livre e doce Tânia. É o mesmo mundo
onde temos de encontrar-nos furtivamente, o mesmo mundo onde é preciso calar e
esconder o nosso amor para que possa ser vivido, o mesmo mundo onde temos
compromissos e obrigações que existiam antes de nós. Temos sentido a pressão e
o desgaste desta situação e não fora a nossa paixão tão forte, não fora o nosso
amor tão sólido e teríamos sucumbido já. Mas eu sei, meu amor, que não podemos
protelar mais esta situação. Há opções que têm de ser feitas e decisões que
precisam ser tomadas. Entregámos um ao outro um ano das nossas vidas, mas não é
sustentável continuarmos assim e eu sei, minha querida, que, dados os acontecimentos
recentes e a actual situação, me cabe a mim dar o próximo passo.
Hoje venho dizer-te
que te amo muito e te quero muito e venho pedir-te que nunca duvides desse amor
nem dessa entrega, seja qual for a minha decisão. Hoje, venho entregar-te o meu
amor.
Com Amor,
Rui