ErotiKa - Eduardo



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jpv
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Eduardo


Há quem defenda, e eu aceito, pelo menos em parte, a teoria de que o erotismo e o sexo estão, antes de mais, na cabeça.

A história que vai contar-se não pretende provar a teoria, será tão-só um reflexo dela. Quanto ao resto, caberá a cada um de vós fazer as projeções, regressivas ou progressivas, consoante os casos.

O casal é jovem. Sendo jovem, não é recém-casado. São pessoas nos seus trinta e poucos anos que levam sete de casamento. Eu não acredito na teoria da crise dos sete anos pelo que, infiro, será coincidência o facto de viver este casal uma profunda crise de cansaço matrimonial. Deixaram de sair juntos, deixaram de tolerar-se as pequenas falhas, discutem exaltados com frequência desaconselhável e, não menos importante que tudo isto, não fazem amor. E quando fazem, é maquinal, como quem cumpre um ritual que outrora foi um jogo de sedução e desejo.

Quando o dia nasceu, ele jamais imaginara o que iria passar-se num período tão curto de tempo. Um simples dia. Tinha agendada uma reunião que duraria exatamente um dia de trabalho. E durou. E foi cansativa. E houve momentos que lhe correram bem e outros houve de que não gostou tanto. Trocou palavras de circunstância ao almoço, apresentou projetos, debateu, discutiu, concluiu e, quando tudo terminou, quando já só se ouviam as vozes espaçadas dos últimos a abandonar a sala, ela aproximou-se. Era uma mulher baixa, de olhar azul e brilhante a enfeitar a face redonda. Tinha o cabelo farto e encaracolado e a passada pequena, mas determinada. Estava habituado ao caráter resoluto dela, mas também à distância que, até então, tinham mantido sem saberem porquê. E, talvez por isso, as palavras dela surpreenderam-no:
- Ouve lá, tu não achas que um tipo inteligente como tu merece ir para a cama com uma mulher bem resolvida como eu?
- Não sei... não te estarás a precipitar?
- Porquê? Vais terminar o dia voltando para a tua mulherzinha?
- É uma opção. Tu não vais voltar para o teu maridinho?
- Depende de ti!

Irrompem pelo quarto do hotel com gestos sôfregos e apressados. Mais tarde nem sequer saberão como é que o sutiã dela ficou pendurado no candeeiro e as cuecas dele foram parar acima da televisão. É como uma batalha. Os corpos entregam-se e exigem-se. Ele abre-lhe a blusa e mergulha nos seios dela. Ela desaperta-lhe o cinto das calças. Ele enfia-lhe uma mão por baixo da saia, percebe que ela usa uma lingerie diminuta, dá-lhe um puxão, mas as cuecas não cedem, ela diz, És um maricas!, ele puxa de novo e fica com elas na mão, projeta-a para cima da cama e invade-lhe o sexo com a boca ávida, ela empurra-lhe a cabeça como se quisesse devorá-lo por ali, ele percorre-lhe o corpo com a língua até lhe beijar a boca ansiosa e nesse momento penetra-a com vigor, ela crava-lhe as unhas nas nádegas e arranha-o, ele grita num misto de dor e prazer. A batalha das carícias sensuais continua até tombarem exaustos para o lado:
-Gostaste?
- Estás louca? Foi a foda do século!

José Carlos entra em casa e tenta fazê-lo com a maior naturalidade possível. Ao sair do hotel, tentou desligar da mente aquele fim de tarde tórrido e estonteante para assumir de novo o papel do marido tranquilo e previsível. Entrou. Beijou a esposa, como sempre, de forma fria e rotineira, dirigiu-se à casa-de-banho, lavou-se e preparou-se para o jantar. Quando chegou à sala, as luzes estavam apagadas, havia velas espalhadas pelos móveis projetando sombras trémulas, a mesa tinha dois pratos, dois copos de champanhe e uma garrafa num balde de gelo. A sua mulher tinha um avental de empregada que mal escondia a lingerie sexy:
- Hoje quero dar ao meu maridinho tudo o que ele merece... tudinho...

Vários pensamentos lhe ocorreram, várias hipóteses de atuação, uma delas, a mais viável, seria mostrar-se surpreendido, dizer que estava cansado e recusar o que lhe parecia ser um convite. Não é que estivesse descansado, pelo contrário, tinha o corpo exausto do trabalho e do sexo ardente com a colega, mas naquele momento dois pensamentos lhe assaltaram a mente. Em primeiro lugar, sabia que sentiria a consciência pesada se negasse à sua própria mulher o que acabara de dar a uma colega de trabalho para com quem não tinha qualquer obrigação. O que quer que fizesse fora de casa, fossem quais fossem os seus pecados e as suas sacanices, eles não podiam refletir-se em casa. Era uma regra que tinha para si e há muito respeitava. Em segundo lugar, acabara de fazer com a colega umas coisas inusitadas que não se importaria de repetir com a mulher, quem sabe se ela até alinharia nos jogos. Afinal de contas, toda esta encenação do jantar romântico era tão improvável e inesperada, porque não tentar ir um pouco mais longe?

Coloca-lhe as mãos sob o avental, segura-lhe as nádegas, senta-a na mesa, derrubam os copos, mas essa loiça, hoje, era mesmo para partir!

Os dias e as semanas têm corrido bem a José Carlos. São um caos total, mas entusiasmante. Divide as forças entre o trabalho, os encontros fortuitos com a amante e o surpreendente e efusivo sexo com a sua mulher. Nem parece a mesma. Ele começa a acreditar naquela teoria marialva de que um caso extra-conjugal pode apimentar ou mesmo ressuscitar um casamento desinteressante e condenado. Está convencido de que as suas escapadelas trazem outra vida à cama conjugal e isso, por sua vez, se reflete no quotidiano. Ele anda mais meigo com a mulher e ela com ele, retomaram certas carícias e atenciosidades, há um novo carinho e uma harmonia reconquistada.

José Carlos está certo no seu raciocínio. Só ainda não viu o quadro todo, mas vai vê-lo em breve.

Chega a casa. A mulher espera-o no quarto com uma túnica branca semi-transparente e roupa interior rendada e da mesma cor. Põe-lhe as mãos no peito e beija-o demoradamente enquanto lhe desaperta as calças. Quando elas caem, também ela desce para o acariciar com os lábios humedecidos, depois volta a pôr-se de pé e beija-o de novo. Pouco depois estão em perfeito frenesim entregando-se com sensualidade um ao outro. Satisfazem os corpos e ficam deitados e enroscados por longos minutos. Ele levanta-se, nu, para ir à casa-de-banho, dá dois passos e ouve a voz dela em tom admirado:
- Que arranhões são esses no rabo, José Carlos?
Ele gelou. Agora que as coisas estavam a correr tão bem, um pormenor iria deitar tudo a perder. Sabia que não havia resposta que a satisfizesse, não havia mentira credível para aquela situação, ela iria sentir-se enganada, zangar-se, gritar, iniciar uma discussão violenta e tudo voltaria ao inferno de uns meses atrás. Virou-se lentamente para ela e foi surpreendido porque ela já não estava na cama. Estava mesmo junto a ele. Quando o apanhou virado para si, segurou-lhe o sexo com a mão esquerda e começou a massajar-lho enquanto, com a direita, lhe percorria os arranhões nas nádegas:
- Com que então o meu maridinho gosta de ser arranhado?! Sussurrou-lhe ao ouvido. Segura-lhe o pénis com mais firmeza, puxa-o para si, dá dois passos para trás na direção da cama enquanto o beija e o deixa tombar sobre si. As mãos dele procuram-lhe os seios e acariciam-lhos, cai sobre ela e beija-lhe os mamilos, ela coloca-lhe as mãos na nuca e pede, Vem! Faz-me tua! ele penetra-a com ternura e inicia um movimento ritmado e certo, beija-a no pescoço, ficam entregando-se mutuamente, a excitação cresce e quando estão perto do êxtase, ela crava-lhe as unhas no rabo, arranha-o e diz com excitação, perdendo o controlo dos gestos e das palavras na loucura do momento:
- Vem, meu amor, faz-me tua! Vem, Eduardo, vem! Possui-me, meu amor, sim... sim... sim...
Ele espeta os olhos arregalados na parede e pensa:
- Eu não me chamo Eduardo, porra!

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