Sabemos conversar em silêncio e na escuridão dos corpos


Sabemos conversar em silêncio e na escuridão dos corpos



Sabemos conversar
Em silêncio e na escuridão dos corpos.
No terreno dos afetos fundos
Onde as palavras não são precisas.
Onde te procuro com as mãos abertas e ávidas
E por baixo de mim contorces e deslizas.
Onde arqueias um grito,
Onde tudo é simples, suave e...
Bonito!
Onde o suor escorre
E nos banha
Nessa batalha sempre perdida,
Sempre ganha.
Não é uma conversa:
É um colóquio,
Uma conferência,
Uma aula em anfiteatro,
Um congresso,
De forças e excesso.

Sabemos conversar
Em silêncio e na escuridão dos corpos.
E em cada palavra por dizer
Há um gesto que se multiplica
Num verso por escrever.
Nessa coisa intensa e bonita
Que é ter-te sob mim,
Conquistar-te o espaço,
Olhar-te os olhos,
Rasgar-te a carne com doçura
Deixar-me tomar pela tua loucura
E ser feliz.
E infeliz.
Nunca nenhuma conversa se completa.
Habita em nós dois
Um só louco e insano poeta
Da escuridão,
Das palavras desenhadas com ânsia
E apetite voraz.
Ninguém sabe
Nem é capaz
De perceber esta doce
E suave poesia.
Esta tristeza,
Esta alegria...

Sabemos conversar
Em silêncio e na escuridão dos corpos.
jpv


NetWorkedBlogs