Via Crucis - Décima Estação










X - Décima Estação



Jesus é Despojado das suas vestes






Não tenho nada.
Nunca tive nada.
Não temos nada.
Nunca tivemos nada.
A nossa Natureza é nua
E despojada.

Estes pensam que me despem,
Mas é a sua alma que resta nua.
Estas vestes,
Estes trapos,
São a terrena
E imediata ligação
A um mundo de que me despeço.
O tangível.
Ao alcance da mão.

Tiram-me as roupas
Para que lhes entregue a vida.
Condenam-me
E salvo-os.
Pensam que a tenho perdida
E só eu lha posso oferecer.
Pensam que venho morrer,
Mas venho para que possam viver.

É pobre, a carne.
É fraco, o corpo,
E pouco pode.
Ainda hoje me subirão
Por suas mãos
E por suas mãos
Me hão de descer.
Tratarão deste corpo
Sujo e ensanguentado,
Vê-lo-ão fenecer.
E eu estarei ocupado
Garantindo que possam viver
Livres de seu próprio pecado.

Terão dúvidas.
Hesitarão.
Terão pena de mim...
Só eu estou certo
Do meu fim,
E seguro.
Só eu sei
Que hoje começa o futuro!

Não quero mais
A matéria.
Não quero essa vil e material
Miséria
Que é ser escravo do corpo.

Vem buscar-me, Pai!
Está quase terminado
O sacrifício.
Despirei depois minha'alma
Deste corpo que a vestiu.
E descansarei junto a ti,
Já só ideia,
Já só luz,
Que estes perdidos cordeiros
Conduz.
jpv - Via Crucis - X

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