Via Crucis - Décima Primeira Estação








XI - Décima Primeira Estação



Jesus é pregado da Cruz








O ferro rombo
E envelhecido
Acorda-me o espírito
Adormecido.
Entra-me na carne aberta
E livra-me dela.
Deixa-me a mente desperta.
Erguem-me,
E o meu corpo elevado
Fica 
Preso à sua materialidade.
A alma, outrora contrita,
Exala e voa...
Não há dor que doa
Mais do que a escuridão,
Do que o néscio negrume
Da ignorância.
Chega ao fim o sacrifício
Da errância
E invade-me
O alívio da missão cumprida.
Morre a morte.
Nasce a vida.

Perdoa-lhes, Senhor,
Porque eles sabem o que fazem.

Um temor só,
Um só sobressalto,
Olhando o pecado
Cá do alto,
Não sei se foi útil
Ou em vão...

Sou o Cristo redentor,
Limpo com a minha dor
A vossa dor maior.
E pensais que é o fim
Porque quando me olhais
Só me vedes a mim.

Contemplai os meus gestos!
Ouvi as minhas palavras!
Aprendei e divulgai a lição!

A minha morte é só o princípio
De um novo esplendor.
Vim trazer-vos a vida eterna
Pelo milagre do Amor.
jpv - Via Crucis - XI

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