Via Crucis - Segunda Estação







II - Segunda Estação



Jesus carrega a Cruz às costas










Sem direito a opinião,
Sem reconhecimento nem louvor,
Carrego a nossa cruz
Como se Te fizesse um favor.
O que mais me dói,
O que me perturba mais,
É não perceber a razão
Desta dádiva
De violência
Nascida em Ti,
Morta na minha Paixão.

Porque me castigas, Pai?
Carrego a cruz da dor
Em nome do Amor,
E carrego, fustigada e desiludida,
A cruz da minha vida.
Pobre madeiro cruzado!
É leve,
Ainda que pareça pesado.
Não exige mais do que a carne
E o sangue
E o suor.
Já a vida,
Pede coisa maior.
É preciso,
Como pediste,
Entregar-lhe o Amor,
A Esperança e a Fé!
E permanecer,
Na tempestade,
Digno e de pé!

Como não cair, Pai?
Como não ceder à tentação?
Como merecer tudo
E depois morrer pela Paixão?

Feitas estão as coisas...
Determinadas e irreversíveis.
E, de entre as promessas possíveis,
Ofereceste-nos a Vida Eterna.
Se ao menos fosse terna,
Agradável e doce,
Ainda que efémera fosse...

Não prometas, Pai!
Não prometas o palácio
Se só podes oferecer os escombros.
Sabes, Pai,
Somos nós que levamos a cruz aos ombros!
jpv - Via Crucis - II

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