III - Terceira Estação
Jesus cai pela Primeira vez
Senti o chão fugir
E caí pela primeira vez
Sabendo que voltaria a cair.
É este o meu fado,
É esta a minha sina,
Cair e levantar-me
Até subir a derradeira colina.
Quantas vezes cai um homem?
E quantas se levanta?
Quantas vezes se ilude?
E quantas se desencanta?
Tinha forças para caminhar,
O passo firme e certo.
Com essas forças vim a tombar
E o destino não está perto.
Dá-me coragem, Pai!
De todas as tarefas que me Deste,
De todas as exigências que Fizeste,
Morrer é a mais fácil.
Difícil é levantar-me.
Sou um homem prostrado
E, uma vez levantado,
O meu Destino é cair de novo.
Não sei onde me agarre.
Não conheço quem me ampare.
Sei que preciso erguer-me
E caminhar.
Como te percebo, Lázaro!
Dormias o sono tranquilo
Da eternidade
E ordenaram que te reerguesses
Para esta vida de tombos.
Mas há este sentido,
Esta força indómita
E invisível,
Que torna possível
O esforço maior.
Reergo-me, Pai, e ando.
E aguardo, paciente,
O pior!
jpv - Via Crucis - III