Espera

Espera

Goteja o tempo

Escorrido
Como chuva na janela.
Perdem-se na profusão
Dos gestos,
Os sentidos.
A chuva é bela,
O tempo difuso,
A alma emprestada,
O corpo adiado.
Não há mais o que fazer...
Em vez desta 
Incerta espera,
Preferia a certeza
De morrer.
Dai-me uma estrada
De dor empedrada,
Coberta de passadas
Em sangue
E choro.
Mas uma estrada,
Um rumo,
Um horizonte
E um fim.
Perdi-me
De mim
E dos meus sinais.
Não encontro mais
Essa vontade antiga
E ansiosa.
Esse desejo
De conquista
Vitoriosa.
A única vitória
Que importa
E sou capaz
É a paz.

Goteja o tempo
Escorrido
Como chuva na janela.
Mas a chuva
Já não cai
Como era.
Morre fria
Na minh'alma
E chama-se
Espera.
jpv

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