Breve e Óbvia Ciência


Breve e Óbvia Ciência

A minha língua
Na tua pele,
A minha saliva
No teu sal.
A minha sombra
No teu corpo,
O meu desejo
No teu traço.

E perco-me
Nisto que faço,
Na entrega
E na sensualidade
De não haver fronteira
Nem espaço,
Nem idade,
Nem tempo,
Nem conceito...

Tu és a cama
Onde me deito.
A linha reta
E a curva.
A água clara
E a vista turva.
O Chamamento
E a perdição.
O fulgor
E a submissão.
O côncavo
E o convexo.
O amor puro
E o desenfreado sexo.

Tu és a linha
Que define
O meu caminho,
Copo de água,
Cálice de vinho.
Altar sagrado,
Templo saqueado,
Caminhada à chuva...
Travo de limão,
Açúcar de uva.
Tu és a luz
E a ausência dela,
A noite escura e serena,
A linha definida e amarela
Do astro quente como a tua pele,
O ritmo sensual
Que o meu corpo impele
À vida,
Quando te vê chegar.
E a língua, de novo,
A procurar teus montes,
Teus altos e baixos,
Teus fortes e fracos,
Tuas ancas oferecidas
Sem regateios,
Teus redondos
E generosos seios.

Reparto contigo
Os dias
E a existência,
E há nesta conclusão
A breve e óbvia ciência
De seres minha.
De ser teu.
O tempo rasga a vida
Nas cercanias de meu tato.
Amor nos teus lábios
É mais que palavra,
É concluso e perfeito ato!

A tua língua
Na minha pele...
jpv

NetWorkedBlogs