Crónicas de Maledicência - Assim, de repente, não estou a ver!


Crónicas de Maledicência - Assim, de repente, não estou a ver!

Portugal está de novo num momento interessantíssimo. Aconteceu há uns tempos e escrevemos sobre isso, mas o Destino, Deus, o Diabo ou a Troika voltaram à carga. Acho que não falta acontecer nada. Assim, de repente, não estou a ver. Que falte!

No desporto, esta foi a semana em que o treinador da família benfiquista quis recair nas boas graças dos adeptos e, das muitas formas que tinha para o fazer, escolheu agredir polícias. Claro que resultou. Mas podia ter ido por uma opção mais educada, mais ética e que não trouxesse problemas judiciais. Claro que dessa forma poderia não resultar! Ao Futebol Clube do Porto, a confusão de Jesus deu muito jeito, assim, os seus dirigentes puderam dar estalos à vontade nos dirigentes da Associação de Futebol de Lisboa e ninguém viu nada. Estava tudo a olhar para Jesus! Mesmo que visse, todos sabemos que o PC tem um amigo que conhece um tipo que conhece um amigo de um tipo... O treinador do Porto também quis dar um arzinho da sua graça, chamar a si as luzes da ribalta mas optou por uma estratégia diferente, afinal a única que está ao seu alcance: armou-se em queixinhas. Não vai longe. O Sporting perdeu pontos pela segunda vez e agora foi com o Rio Ave. Oh diabo, já?

 Por seu lado a Troika voltou. Até aqui nada de novo. Assim como assim, os tipos passam cá a vida! O problema é que o Tribunal Constitucional escolheu exatamente essa altura para anunciar mais umas inconstitucionalidades. Isto já começa a cheirar a má vontade. Em todo o caso, se eu estivesse no Governo, nomeadamente se fosse Primeiro-Ministro, mandava alguém lá do Gabinete ler a Constituição. Aquilo até é pequeno, tem para aí umas quarenta páginas, não mais. Em letras gordas. E o Senhor Primeiro Ministro também foi figura pendular. Pois, abanou como um pêndulo foi do extremo de dizer que precisávamos de outro resgate ao extremo de dizer que a nossa economia tinha virado. São extremos muito extremados!

Já nas autárquicas, a coisa está mui caliente. Vejamos. Os candidatos ilegais, afinal são legais, as sondagens estão a favor de tudo o que é independente e desconhecido, no Youtube, o campeão de visualizações é o ninja de Gaia, muitos presidentes aparecem como candidatos em novos municípios jurando ser o melhor para eles e conhecê-los bem quando, afinal vêm de outros. Enfim, Portugal no seu melhor não chega a melhor do que, no período dedicado ao debate de ideias, de debaterem os cartazes, nomeadamente, por falta delas. Das ideias. E pronto, domingo vai-se a votos e lá haverá duas teorias, a dos que perdem dizendo que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa e que uma não tem nada a ver com a outra e dos que dirão que é tudo a mesma coisa por isso fachavôr de tirar ilações e agir em conformidade. Muito barulho, muito barulho e no fim mais do mesmo.

Depois há aquela história da polícia não ter conseguido notificar o banqueiro. Cá para mim, em Portugal, só ele é que não sabe que foi notificado porque o resto da malta, os outros nove milhões novecentos e noventa e nove mil novecentos e noventa e nove já sabemos!

E mais as quarenta horas que eram, depois não eram e afinal foram.

E pronto, os jornais televisivos já têm com que abrir, desenvolver e fechar sempre com notícias de grande interesse para a vida dos portugueses assim como... de repente, não estou a ver!

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